Eu amo cachorros.
Quem me conhece hoje em dia acha isso óbvio, mas pra mim nem sempre foi assim.
Não faz muito tempo que me dei conta de que nunca, em toda a minha vida - e lá já se vão quarenta e cinco anos - fiquei um dia sequer sem um cachorro. Mesmo. Pra valer. Mas vamos começar esta história do começo… ou melhor, do final.
Há quatro anos exatos, eu começava uma maratona intensa com minhas três cachorras. Brenda, Priquitudes e Milady. O trio original. Sem perceber, adotei cadelas que chegariam à velhice praticamente ao mesmo tempo. Quando trouxe cada uma delas para a minha vida, nem pensava nisso, mas a verdade é que a Priqui, a menorzinha, porte pequeno; Milady, a do meio, porte médio; e Brenda, a gigantona mais nova, ficaram idosas na mesma época. E a primeira a cair doente pra valer foi a Milady.
Foram três anos de aprendizados intensos. Conheci doenças que nem sabia que existiam, exames que nunca tinha ouvido falar que eram feitos em pets. Especialistas. Medicamentos. Veterinários de todos os cantos da cidade. Ano após ano, em 2020, 2021 e 2022, Milady, Brenda e Priquitudes terminaram suas jornadas, e eu fiquei com a dor da saudade de cada uma delas, uma completa ruína financeira e um conhecimento adquirido a contragosto que passou a ser valioso demais. O mais novo da turma, o Evaristo, não podia passar pelo mesmo que as três primeiras passaram. Agora eu tinha meios para fazer com que ele tivesse uma velhice mais tranquila.
Foi no meio desse turbilhão todo, numa das minhas muitas reflexões sobre minhas cadelas, sobre os motivos de eu passar por tudo aquilo com elas, que acabei pensando em quantos cachorros eu havia tido ao longo da vida e como era mais difícil cuidar deles antigamente. Foi repassando toda a minha vida que descobri que praticamente emendei um cachorro no outro. Nunca, desde que me entendo por gente, passei mais de um dia inteiro sem ter um peludo morando comigo. Não foi proposital; pelo menos não conscientemente.
Foram tantos companheiros e companheiras de quatro patas, tantas as uas histórias maravilhosas, grandes e pequenas, que decidi que não podia mais guardar aquilo pra mim. Talvez alguém ache insignificante, mas penso que vale a pena dividir as maravilhas e os perrengues, os pequenos detalhes que fazem nossa vida ser mais bonita ao lado dessas criaturinhas.
Cada cachorro que passa pela nossa vida é precioso demais para não ser relembrado e eternizado. São registros de um amor intenso e puro, que faz tudo, tudo mesmo, valer a pena.
O mundo precisa de mais histórias singelas. Escrever sobre elas é minha contribuição para isso.
Lilian e os Doguinhos é meu projeto para contar as histórias dos cães que viveram e vivem comigo, falar sobre esse amor sem medida e sobre essa espécie que me encanta mais a cada dia. Dizem que a gente fala melhor daquilo que ama, e por que não falar sobre os cães?
Também quero compartilhar minha jornada como estudante de Bem Estar Animal, curso que abracei no começo deste ano numa espécie de guinada acadêmica - em breve falarei mais sobre isso! E, se puder, quero contribuir para uma sociedade em que cães, gatos e todos os pets sejam melhor tratados, e inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. Quem sabe? A vida não é nada sem o sonho.
Vejo vocês na próxima newsletter!